A Beleza do Simples - Vivências de Danças Folclóricas e Populares.


Na aula inaugural da Lic em Dança houve apresentação do Grupo de Brincantes do Paralelo 30°
Uma mistura de jogo e dança popular que desconhecia. Fiquei encantada. Mas... o pobre do meu namorido já era meu motorista particular, os ensaios era até tarde. Não achei justo incluir mais uma coisa em nossa rotina que já era uma loucura.

Entretanto, fui fazendo disciplina atrás de disciplina com o professor Jair Ulmann, sem sombra de dúvidas, um dos meus preferidos. Suas disciplinas eram encantadoras, conectadas com a realidade. Danças Populares Brasileiras, Dança e Musicalidade, Danças Populares Internacionais ( que tive o prazer de levar vivências do Egito e Golfo)

e a cereja do bolo, Dança e Transpessoalidade.




Qdo me  separei, passei a fazer coisas que só dependiam de mim e minhas escolhas.
Fui me aprochegando com o grupo. Passei a ir aos ensaios, aprender na convivência desse grupo onde todos são pesquisadores. Era interessante pq assim eram as disciplinas, guiados por nosso professor/diretor/regente.

A primeira coisa que entendi foi que a dança não estava desvinculada do povo, do lugar, do clima, da comida, das reuniões, dos folguedos, dos ciclos. Essa perspectiva muda tudo.
Mesmo para mim que já vim com a noção de Patrimônio Imaterial, vivenciar era muito diferente. Compreender que o que decidimos fazer é uma leitura de uma manifestação, não a manifestação. Essa só existe naquele contexto. Contudo , não é uma livre interpretação. Ainda que poetizada.
Portanto, compreendiamos cada uma das manifestações , seu contexto, sua historicidade, sua resistência.

Manifestações brasileiras de matriz africana ( batuque, jongo, maculelê, capoeira, danças de Orixás,  dentre outras).






Casamento na Roça,  manifestação encontrada em todo território,  encenado pelo grupo com danças das festas do forró, Xote, Baião e Quadrilha.






Brincadeiras,  danças de roda , folguedos, cirandas,  cacuriaás.




Quando estava com o grupo estamos aprofundando o estudo de Danças Gaúchas tradicionais, aquelas mais campeiras e  de reverberação em países vizinhos. Após meu afastamento houveram várias viagens para a campanha e região das missões para estudos.


Assim sendo, nós estudamos o fazer, o construir um corpo em movimento dentro deste contexto. E isso ao mesmo tempo que limita os movimentos possíveis, os torna ricos de significado, a arte por trás do cotidiano, a poesia que nasce da rotina.


Essa vivência resignificou meu olhar.
E a transformação da minha dança.
Paralelamente o curso de Dança e Transpessoalidade ia revelando meus processos limitantes.
Fui me descobrindo, me desvelando.
Então vieram os presentes.


VERGARA .



Lembram que eu quebrei o pé?
Como é que ia dançar. Estava chateada quando o profe me disse que estava convidada a ir com o grupo. Afinal, não deixava de fazer parte por não poder dançar. Fui com a missão de registrar a participação no Festival.

Uma das práticas do Grupo é fazer imersão. Todos juntos,  cozinhando,  comendo, dormindo juntos. E isso é realmente alinha. Dá unidade.  Corpo.  E foi assim que passei o Reveillon juntinho no Sítio.



ACERCADENOS





Na virada daquele ano veio a notícia de comemorar os 10 anos do Grupo com um espetáculo.
Um espetáculo de rua, com quase 20 brincantes, que foi para o Gasometro e por fim atravessou o Atlântico.

TURNE














Foi uma experiência incrível ter a arte que se faz valorizada. De verdade.  As pessoas tinham real interesse em conhecer mais sobre o contexto do que era apresentado.  Sempre respeitosos e absolutamente envolvidos por casa pequeno recorte da nossa cultura.












Os festivais tem outra dimensão,  as trocas.
Se aprende tanto, se vive tanto. Se formam laços inexplicáveis em pouco tempo. Uma parte minha ficou com essas pessoas.

Encerrei com chave de ouro este capítulo com o Paralelo. Eles voltaram para Porto Alegre,  eu para Bahia.

No final daquele ano veio a indicação que se confirmou o Prêmio Açorianos de melhor pesquisa e grupo folclórico.
Tenho orgulho de ter brincado e tirado tantas rodas com este povo lindo que segue pesquisando e encantando por onde passa.



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